Diferença entre resposta e refutação

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Camila Favaretto

4 de maio de 2025

Argumentação
Refutação

Refutação é tudo aquilo que ataca o cerne do argumento, propriamente dito. A resposta, por sua vez, não destroi o argumento, mas sim, tenta mitigá-lo.

Em graus de eficiência, a refutação sempre será mais prejudicial para o caso alheio, enquanto a resposta deve ser utilizada com cautela e somente naqueles momentos em que não é necessário despender um tempo significativo para afastar o argumento alheio, tendo em vista que não destroi o argumento, somente o afasta.

Formas de fornecer respostas

  • Insignificância/Concessão: é quando você cede algo para a bancada oposta, como por exemplo, dizer que o impacto do argumento é tão pequeno que se torna irrelevante para o debate. Devido à irrelevância, não vale a pena despender grande tempo refutativo, se é possível apenas afastá-lo do debate.
  • Irrelevância lógica: é quando você demonstra que o apontado pela bancada oposta não é relevante, porque não prova algo contra ou a favor da moção necessariamente, mas sim, algo que não importa para o debate. Quando isso acontece, é mais estratégico não perder tempo fazendo uma refutação mais rebuscada e sim, apenas fornecer uma resposta que aponte a falha de irrelevância.
  • Irrelevância para o debate: é quando você demonstra que, apesar do que fora provado pela dupla (ou seja, você não nega o argumento), o argumento não toca o cerne do debate e, por isso, não é relevante. Um dos exemplos seria apontar que o stakeholder apresentado por eles não é o mais importante, mas sim o seu stakeholder.

Ressalta-se que em nenhuma dessas hipóteses você está negando o argumento, mas sim, tão somente afastando as premissas por considerá-las, comparativamente, menos importantes.

Aqui, a palavra “comparativamente” ganha especial relevância. Não é suficiente você apenas apontar que “o stakeholder trazido não importa” ou “o impacto não se concretiza com esse argumento”, é preciso demonstrar: se não stakeholder X, por qual motivo o stakeholder Y é mais importante? O que faz com que o impacto não se concretize por esse argumento? O que era necessário provar para alcançar esse impacto e que a dupla oposta não o fez?

Se você negar o argumento, idealmente ele não se sustenta, entretanto, se você apenas mitigar com alguma resposta, ele ainda se sustenta até certo ponto, fazendo com que você apenas tenha diminuído sua importância.

Formas de fornecer refutações

Disputar alternativas: é quando você aponta que o modo de resolução dos problemas apontados pela bancada oposta não é necessário, havendo maneiras mais plausíveis e menos custosas de resolver o problema.

Isso, portanto, existe um grau de construção refutativa maior, tendo em vista que inicialmente precisa apontar por quais motivos a alternativa apresentada não é positiva, quais efeitos negativos advém dela, qual é a outra maneira de resolução do problema e por qual motivo é comparativamente melhor.

Falha lógica significativa: é quando você demonstra que o argumento tem uma falha na construção (salto lógico). Ou seja, o debatedor não conseguiu demonstrar que a premissa A alcança o impacto B de fato e, portanto, não deve ser considerado pela adjudicação.

Isso exige um esforço maior do debatedor que está refutando mostrar o que seria necessário para alcançar a conclusão da premissa, evidenciando como a dupla oposta não realizou esse trabalho.

Uma das formas de fazer isso é deixando evidente como restam “perguntas em aberto” na argumentação. Por exemplo: a dupla de primeira oposição busca provar que ao ter mais mulheres ocupando cargos no serviço público eu alcanço o impacto de maior representatividade. Assim, é possível expor algumas possíveis falhas perguntando: como a representatividade é alcançada dessa forma? Como eu garanto ter mais mulheres nesses cargos? Que cargos são esses? Forçando que o adjudicado entenda as falhas estruturais do argumento.

Falta de evidência: é quando você demonstra que o argumento, mesmo que seja bem construído e sem falhas lógicas evidentes, não acontece na realidade e mostrar como realmente funciona.

Isso, por sua vez, exige um grau maior de análise da premissa, não apenas apontando que “isso não importa”, mas sim que, apesar de importar, a dupla oposta não levou em consideração alguns incentivos do agente, não levou em consideração recursos financeiros, não levou em consideração a capacidade de engajar o público alvo para a realização de alguma medida, etc… fazendo uma construção mais robusta de todas essas situações. É preciso fornecer incentivos fáticos, conforme a realidade, para destruir a premissa.

Em suma, dominar a diferença entre resposta e refutação é essencial para a construção de um embate estratégico. Enquanto a resposta pode ser útil para afastar argumentos periféricos com economia de tempo e esforço, a refutação se mostra indispensável diante de pontos centrais da linha adversária, exigindo maior profundidade analítica. Saber quando e como aplicar cada uma dessas ferramentas define não apenas a solidez do seu discurso, mas também a sua capacidade de convencer a adjudicação de que a sua bancada entregou os melhores argumentos — e venceu o debate.

Mitigação x Refutação

Flipar o argumento trata de uma tentativa de inverter o argumento. No sentido mais simples, quando algum debatedor tenda flipar o argumento, o que ele está fazendo é dizer que o resultado X pretendido pela outra dupla acontece no mundo do debatedor que está refutando